Uma camaleoa. Assim podemos definir Alinne Moraes que está sempre em
busca de desafios, num processo de ebulição constante. Na TV ela já foi
Rosana, Clara, Penny, Bel, Nádia, Kátia, Vera, Lili. E, atualmente, vive
o desafio de brincar com personalidades distintas de duas personagens,
que em comum só lhe restou o nome: Lívia. Com a passagem de época no
folhetim das seis, “Além do Tempo”, a atriz – protagonista da trama –
redesenhou os trejeitos de sua cria atual. Ao longo da carreira
televisiva, pôde-se notar uma atriz totalmente empenhada em passar
veracidade e emoção a cada projeto que desenvolvia, tudo em prol de suas
mulheres da ficção. Os últimos trabalhos no cinema, nos filmes “Tim
Maia” e “O Vendedor de Passados”, renderam-lhe boas críticas também.
Acompanhe trechos da entrevista que fizemos com a atriz, que fala da
experiência com a maternidade.
Revista Total:: Você estava longe da TV desde a trama “O Astro”. Como é voltar em “Além do Tempo” e justamente numa novela de época?
Alinne Moraes: É uma delícia. Eu estava sentido falta de fazer novela de época. Até hoje eu só tinha feito “Bang Bang”, que foi um trabalho mais lúdico, uma coisa mais voltada para esse lado. Em “Além do Tempo” a personagem é diferente, trata-se de algo mais realista. E eu estou emocionada com o que vi até agora. Só não chorei no dia do lançamento para atender a imprensa e não borrar a minha maquiagem (risos). Ficamos um mês no Sul do país e o resultado ficou lindo. É bom quando a gente vê que o esforço de todos valeu a pena.
Qual é a maior complexidade da mocinha na TV?
Acho que a mocinha é muito certa, ela não tem muitos caminhos. Os outros personagens te dão mais possibilidades, abrem mais o leque. Você levou seu filho Pedro para gravar no Sul do Brasil nas primeiras cenas de “Além do Tempo”?
Ele ficou comigo no Sul. O Pedro é noturno, como toda família. Ele acorda às 10, e eu saía para gravar às 4h30! Às 15 já estava de volta e ficava com ele até as 23h, horário que ele costuma dormir. Não teve um dia que eu tivesse dormido longe do meu filho. Ando sempre com o berço de montar dele no carro. Às vezes, eu o levo para o Projac.
O que você descobriu com a maternidade?
Eu achei que tudo fosse mais simples. E é tudo mais real, delicado. É algo muito extremo, a dor é dor, o medo é medo, o amor é amor. É tudo muito mais intenso do que brincar de boneca. Até o amor dói.
Após o nascimento de Pedro, tudo passa a girar em torno de seu filho?
Tudo é voltado pra ele! Sem dúvida. Eu ficaria satisfeita em ser dona de casa e estar ao seu lado. Eu não sei se eu conseguiria, mas eu ficaria feliz com ele. Eu fiquei esses dois últimos anos sem trabalhar, esperando o Pedro nascer e crescer um pouco.
Como descreve a diferença entre televisão e teatro em sua trajetória?
A formação é a prática mesmo. Televisão, cinema e teatro por mais que sejam veículos diferentes, eles se esbarram. Na hora do ‘valendo’ a brincadeira acaba sendo a mesma. O teatro é a arte do improviso, cada dia é diferente, mas a gente se aprofunda diariamente no mesmo texto, isso me traz muitos benefícios.
Em Televisão você conseguiu diversificar bem no perfil das suas personagens. Considera isso um feito em sua carreira?
Minha primeira personagem na tv foi uma mãe solteira, depois uma lésbica, a outra psicopata, a tetraplégica. Foi muito bom, porque nunca pensei que eu fosse trabalhar com temas e personagens tão profundas e diferentes.
A beleza física te ajudou ou atrapalhou no seu ofício de atriz?
Ao mesmo tempo em que eu tentava passar despercebida, muito cedo eu percebi que tudo na vida tem os dois lados da moeda. A beleza sempre foi uma aliada, tanto que comecei a trabalhar com moda desde os doze anos. Querendo ou não, na tv isso também me abriu uma porta. Na novela Coração de Estudante, eu vivia uma mãe solteira, que na sinopse era uma garota muito bonita. O Ricardo Waddington queria lançar uma menina nova. Mas também não dá pra ficar só nisso. Ainda mais eu que sempre trabalhei com gente linda, sempre percebi que depois de cinco minutos essa pessoa se transformava, ficava horrível! Beleza estética não é nada, há outras qualidades por trás. Você vai ser mãe, avó, é preciso das rugas para emocionar e contar histórias.
Revista Baronesa Edição 12 - Novembro 2015
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